20 anos de um clássico da música e do humor Mamonas Assassinas (1995) — Mamonas Assassinas

sexta-feira, 26 de junho de 2015
Foto de capa

Um dos maiores fenômenos de vendas no Brasil na década de 1990 foi o Mamonas Assassinas. O quinteto paulista fez sua estreia há exatos 20 anos, em um disco que se tornou um dos grandes clássicos nacionais da década. Com produção impecável, o LP trazia um grupo irreverente, misturando humor com um instrumental muito bem elaborado, abraçando diversos gêneros.

O humor foi a marca registrada do grupo. Porém, a banda fazia críticas sociais em suas letras. A faixa de abertura, “1406”, já prova isso. Com som funkeado, destacando o baixo e os scratches, a música mostra as insatisfações e frustrações das classes sociais mais pobres. Diversos pontos da letra afirmam esses sentimentos, com muito bom humor: “Eu queria um apartamento no Guarujá/ mas o melhor que eu consegui/ foi um barraco em Itaquá”; “Você não sabe como parte o coração/ ver meu filhinho chorando querendo ter um avião”.

Além dos desejos de um cidadão em busca de uma situação econômica melhor, a faixa ainda mostra a banda em diálogo com a cultura pop. O termo muito utilizado hoje para referir-se a símbolos da cultura popular, como cinema, música, quadrinhos, celebridades, entre outros, ainda não era tão usado na época. Mas, na letra, os Mamonas citam as facas Ginsu e adaptam um provérbio fazendo referência a Xuxa e a Pelé. O mesmo elemento também aparece em “Robocop Gay”, onde fazem uma sátira ao robô policial ícone do cinema nos anos 1990.

Porém, é em “Chopis Centis” que os Mamonas fazem um dos principais diálogos com a cultura pop. A versão mais que livre de “Should I Stay Or Should I Go”, do The Clash, conta a história de um caipira que se muda para a cidade e se encanta por um shopping center. Entre os melhores momentos desse deslumbramento com o capitalismo estão o refrão “A minha felicidade/ é um crediário/nas Casas Bahia” e a referência a dois dos maiores astros dos filmes de ação nos versos geniais “Quando eu estou no trabalho/não vejo a hora/de descer os andaime/pra pegar um cinema, ver Schwarzenegger/e também o Van Damme”.

Com um assunto bem parecido, em seguida aparece o baião-heavy-metal “Jumento Celestino”, sobre a migração de um baiano para São Paulo. A música é uma das muitas amostras de como o grupo conseguia misturar estilos no disco. Além de baião e rock, a banda encontra o brega em “Bois Don’t Cry”, o pagode em “Lá Vem o Alemão”, e o metal em “Débil Metal”, com um verdadeiro show de guitarra de Bento Hinoto.

O disco emplacou dois grandes sucessos que ainda hoje vivem na cabeça do povo brasileiro. “Vira-Vira” traz o tradicional ritmo português, misturado com guitarras e uma característica do humor no Brasil: piada com os colonizadores. O outro grande sucesso é “Pelados em Santos”. Mistura de música latina com brega e rock, a música “romântica” traz também sopros e a lendária Brasília amarela na letra, um dos símbolos do grupo.

Influenciados por bandas como Rush e Red Hot Chilli Peppers e com uma carga imensa de bom humor, o grupo se tornou um dos ícones dos anos 1990 no Brasil. Atingindo na época mais de dois milhões de vendas, o LP de estreia dos Mamonas é um dos álbuns mais divertidos da música brasileira, que conseguiu conquistar tanto crianças como jovens e adultos na época de seu lançamento.

Mamonas Assassinas (1995)

Artista: 

Mamonas Assassinas 

Produção: 

Rick Bonadio

Selo: 

EMI

Músicas:

1. 1406
2. Vira-Vira
3. Pelados em Santos
4. Chopis Centis
5. Jumento Celestino
6. Sabão Crá Crá
7. Uma Arlinda Mulher
8. Cabeça de Bagre II
9. Mundo Animal
10. Robocop Gay
11. Bois Don’t Cry
12. Débil Metal
13. Sábado de Sol
14. Lá Vem o Alemão

TAGS: Light

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.