A resiliência do cinema brasileiro

sábado, 01 de abril de 2017

O ano de 2016 foi incrível para o cinema brasileiro, recordes foram quebrados. A quantidade de lançamentos, em território nacional, alcançou a marca de 143 filmes exibidos na grande tela, o maior número em toda nossa história. Os ingressos vendidos atingiram a contagem de 30,4 milhões, é o melhor resultado desde 1984, sendo três vezes superior aos ingressos vendidos há dez anos.

Os números se tornam mais impressionantes ao nos posicionarmos historicamente, afinal, vivemos uma grave crise política e econômica no país, e mesmo assim, o cinema brasileiro mostra resiliência diante delas. O crescimento segue constante pelo oitavo ano seguido, e em 2016, as bilheterias superaram os valores de R$2,6 bilhões. Esses valores vão além, segundo dados de 2014 do IBGE, a indústria de audiovisual no Brasil gera R$ 24,5 bilhões à economia, superando a indústria automobilística.

Os filmes foram produzidos por 134 empresas produtoras diferentes de todas as regiões do País. Sendo apenas uma animação, incríveis 45 documentários e 97 ficções. Os cinco filmes de maior bilheteria foram “Os Dez Mandamentos - O Filme” com um público de 11.305.479 milhões; “Minha mãe é uma peça 2” fechou o ano em torno de 4 milhões, somando outros 4 milhões em 2017 devido ao fato de seu lançamento ter ocorrido no fim do ano; “Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina”, de história baseada na série homônima televisa,  apostou na nostalgia para obter sucesso e levou aos cinemas 2.5 milhões expectadores; “É fada!”, o primeiro filme da youtuber Kéfera, curitibana interpreta a fada tema em comédia, e levou apenas 1.7 milhões de pessoas aos cinemas, visto que, a mesma possui 10 milhões de inscritos em seu canal no YouTube; fechando o top 5 tivemos a comédia “Tô ryca!”, o primeiro papel de protagonista da atriz Samantha Schmütz.

O cinema nacional ocupada cada vez mais as salas de cinema com enorme relevância para o país reerguer sua economia, tendo como consequência a valorização da cultura brasileira. A arte também contribui para a formação ética e intelectual, logo, um dos possíveis caminhos para superarmos a crise política.

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O Poderoso Chefinho (The Boss Baby)
2017 - 1h 37min – EUA
Direção: Tom McGrath
Roteiro: Michael McCullers e Marla Frazee
Elenco: Alec Baldwin, Steve Buscemi, Jimmy Kimmel, Lisa Kudrow, Tobey Maguire

O Poderoso Chefinho foi inspirado no livro infantil The Boss Baby de Marla Frazee, de 2010. O bebê protagonista chega da Baby Corp., uma corporação de criação de bebês no céu, e ele é hilário, trata seus pais como empregados, se comporta como chefe da casa e faz arruaças com seu irmão mais velho – tudo isto na cabeça dele. O filme é alegre, no entanto, ao invés de nos aprofundar na realidade de uma criança, o filme estranhamente se distancia. Poucos são os momentos da perspectiva dos pais em relação aos filhos.

Fragmentado (Split)
2017 - 1h 57min – EUA
Roteiro e Direção: M. Night Shyamalan
Elenco: James McAvoy, Betty Buckley, Anya Taylor-Joy, Haley Lu Richardson, Jessica Sula
Classificação Indicativa: 14 anos

Fragmentado é um thriller psicológico sobre um homem com 23 personalidades, mas que pode ter uma 24ª e ela é extremamente perigosa. M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido) escreve e dirige mais um filme com eficiência no terror e humor, com sutis reviravoltas. Pode parecer uma trama sobre garotas tentando escapar de um homem perigoso, mas não é, tem muito mais do que aparenta. O ator James McAvoy é o melhor do filme, sua atuação surpreende e sustenta o roteiro. Detalhe, assista os créditos finais ;)

Power Rangers
2017 – 2h 4min - EUA
Direção: Dean Israelite
Elenco: Dacre Montgomery, Naomi Scott, Ludi Lin, Becky G, RJ Cyler, Elizabeth Banks e Bryan Cranston.
Classificação Indicativa: 12 anos

Go Go Power Rangers! O grande sucesso da TV dos anos 90 está de volta aos cinemas e a terceira adaptação aposta na nostalgia para obter sucesso. O filme aborda os temas da autodescoberta, insegurança e amadurecimento de cinco adolescentes, justificativa despretensiosa para pessoas herdarem habilidades super-humanas. O roteiro se dedica mais ao desenvolvimento dos adolescentes do que aos Rangers em ação. Os icônicos trajes colantes coloridos são deixados de lado e transformados em plásticos rígidos sem graça.

Logan
2017 - 2h 17min – EUA
Diretor: James Mangold
Classificação Indicativa: 16 anos

Logan, o terceiro filme solo do super-herói mutante se afasta do formato dos Estúdios Marvel e mostra que é possível ter uma história madura com ótimas interpretações. Logan (Hugh Jackman) está envelhecido e debilitado, não tem mais seu poder de cura como antes e compra remédios de maneira ilegal para o Professor Charles Xavier (Patrick Stewart), um dia a mente mais poderosa do mundo, que hoje sofre de um mal degenerativo. Eles precisam impedir que a enigmática Laura (Dafne Keen) caia nas mãos de um grupo paramilitar liderado por Donald Price (Boyd Holbrook).

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast)
2017 - 2h 9min – EUA
Diretor: Bill Condon
Classificação Indicativa: Livre

A Bela e a Fera, de 1991, encantou o mundo, sendo a primeira animação indicada à categoria de melhor filme em um Oscar. Já a versão live-action peca, justamente, em se prender às referências do original, embora acrescente 45 minutos, dando mais consistência aos personagens. A escolha do elenco é primorosa, muito bem protagonizado por Emma Watson e sua Belle moderna, mas o visual do filme deixa a desejar. A representação da Fera lamentavelmente não causa o impacto esperado. Está para agradar os fãs da animação, nada mais.

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