Herança para 2019

terça-feira, 29 de maio de 2018

Herança para 2019

Reduções de tributos, subsídios, reserva de mercado. As medidas apresentadas para tentar pôr fim à greve dos caminhoneiros poderão agravar o rombo nas contas públicas e ampliar as incertezas em relação à recuperação econômica. A avaliação é de especialistas, para os quais o pacote tem efeito somente no curto prazo e deixará uma herança complicada para o ano que vem. 

Grave conflito social

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, demonstrou no último domingo, 27, preocupação com a paralisação de caminhoneiros no país. Segundo o ministro, com o movimento, que completou ontem, 28, oito dias, "a economia brasileira está sendo asfixiada. Todos estamos na iminência de um grave conflito social", relatou em um comunicado. "A saída está na política, mas é necessário algum tempo".

Temor no mercado

O mercado financeiro reduziu suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2018. A expectativa de alta para o PIB este ano caiu de 2,50% para 2,37% no Relatório de Mercado Focus divulgado ontem, 28. Há quatro semanas, a estimativa era de crescimento de 2,75%. Para 2019, o mercado manteve a previsão de alta do PIB de 3%, mesmo patamar de quatro semanas atrás.

Novo reajuste

A Petrobras anunciou que, com mais um reajuste que entra em vigor hoje, 29, o preço médio do litro da gasolina A sem tributo nas refinarias será de R$ 1,9526, com queda de 2,84% em relação à média atual de R$ 2,0096. Já o preço médio nacional do litro do diesel A permanece em R$ 2,1016.

Engenheiros protestam

A Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) publicou nota em defesa de mudanças na atual política de preços adotada pela empresa. “A Petrobras é uma empresa estatal e existe para contribuir com o desenvolvimento do país e para abastecer nosso mercado aos menores custos possíveis. A maioria da população quer que a Petrobras atue em favor dos seus legítimos interesses, enquanto especuladores do mercado querem maximizar seus lucros de curto prazo”, diz o comunicado.

Compensação das despesas

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou que o governo trabalha ativamente na elaboração de duas medidas provisórias (MPs) para compensar despesas resultantes da negociação com os caminhoneiros. Uma vai criar um programa de subvenção federal e a outra tem a finalidade de abrir crédito extraordinário. Ele reiterou que para garantir o atendimento às demandas dos caminhoneiros, o governo deve ter despesa em torno de R$ 9,5 bilhões/ano.

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Segundo o ministro, porém, esse valor pode ser reduzido. Ele afirmou que o governo vai usar a reserva de contigência, no valor de R$ 4,1 bilhões, além de R$ 1,6 bilhão de recursos remanejados de outros setores. O restante será obtido de cortes de orçamento. No total, o governo quer atingir os R$ 9,5 bilhões necessários para compor as dotações para garantir as compensações.

Militares preocupados

Pela segunda vez, em menos de seis meses, os militares estão preocupados com a posição em que foram colocados, diante da população, por conta de uma nova crise, agora provocada pela paralisação dos caminhoneiros. Um integrante do alto comando das Forças Armadas disse ao jornal O Estado de S. Paulo, sob a condição de anonimato, que o governo jogou a crise "no colo" deles de novo, como quando foi decretada a intervenção de segurança pública no Rio de Janeiro. Ele considera que a situação atual poderia ter sido evitada se o governo tivesse agido com antecedência.

Paralisação nas refinarias

A dois dias da greve nacional de 72 horas marcada para começar à zero hora de quarta-feira, 30, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) convocou para ontem, 28, um dia de mobilização em todas as unidades da Petrobras pelo país. A ideia é que os petroleiros não assumam seus postos no turno da manhã, informou o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel. Mobilizações do tipo já foram feitas ontem em seis refinarias e duas fábricas de fertilizantes, disse Rangel.

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