Só a confiança salva

quarta-feira, 28 de março de 2018

Na era digital em que vivemos, a confiança é uma premissa fundamental para a interação entre os indivíduos, entre indivíduos e organizações e entre organizações também. Em dias como os de hoje, por exemplo, a confiança do consumidor é fundamental e a construção da credibilidade de um serviço ou marca, por exemplo, não está mais unicamente na mão da empresa e sim na mão das pessoas que avaliam, dão nota e estrelas para os produtos.

As empresas agora ficam de olho em seus consumidores promovendo engajamento e buscando total transparência. Aliás, transparência cada vez mais se torna a chave de negócios e de tranquilidade e felicidade. O novo mundo digital será cada vez mais transparente e aberto. Uma abertura nunca vista antes. Os sistemas terão que ser cada vez mais integrados e a comunicação entre os diferentes aparelhos e computadores será feita com menos interação humana e a troca de informações será cada vez mais fluida. Ou seja, essa abertura tão grande leva as empresas a buscarem mais proteção, segurança e confiança.

Voltamos à confiança do início da nossa conversa. Como confiar em tempos de tanta informação? Cada indivíduo é uma mídia contando a sua própria verdade e influenciando mais ou menos nas redes. Em quem confiar? No que confiar? Ainda não temos um selo de verdade colado no que lemos e ouvimos e cada vez mais precisamos de caráter e ética de todos para sobreviver e para banir sem dó nem piadade as fake news.

Quando se trata de relacionamentos, sejam eles amorosos ou não, fica quase impossível mentir: tá tudo nas redes, no gps, no celular, na nuvem. Como esconder? E se a transparência é compulsória, queiram vocês ou não, como lidar com a verdade nua e crua sem se aborrecer? Sem tirar conclusões às vezes precipitadas e brigar com seu parceiro por algo que descobriu? É impossível hoje manter segredos digitais por muito tempo. Eles vazam mais cedo ou mais tarde.

Enfim, só é possível ser feliz apostando no caráter e na ética daqueles com quem nos relacionamos seja no trabalho, na família, no círculo de amigos ou no casamento. Não há controle de nada e ao mesmo tempo achamos que controlamos tudo por alcançar as mais triviais invasões de privacidade alheias. Só sabemos que a privacidade hoje é petróleo e muitos ainda não sabem. E contamos com os que amamos que sejam leais nesse mundo de fraturas e cotidianos expostos, sob pena de virarmos uma sociedade de Dom Casmurros paranóicos com mensagens diretas e instantâneas no celular.

Confiança tem que existir, mas mais do que isso, é preciso valorizar, cultivar e premiar o caráter e o senso de lealdade e ética. Sem ele a era digital será um poço sem fundo de infelicidade e caos emocional.

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Bia WIlcox

Bia Wilcox

Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7

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