Ser catequista: uma vocação

terça-feira, 28 de agosto de 2018

Caros amigos, no último domingo a Igreja no Brasil comemorou o Dia do Catequista. Inserido no contexto do mês vocacional, este dia direciona nossa reflexão para a pessoa do catequista e sua missão evangelizadora no mundo hodierno.

É notável que as estruturas sociais estão em constante mudança. O pluralismo, o subjetivismo e a crescente secularização marcam o desenvolvimento de um pensamento antirreligioso que que dificulta um verdadeiro crescimento na fé.

Num passado recente, os pais, cientes da responsabilidade com a primeira catequese dos filhos, motivavam-lhes à oração e os inseriam na vida de fé; a Igreja, a escola e a sociedade se encarregavam da transmissão dos valores cristãos essenciais.

Hoje, grande parte das crianças que chegam à catequese sequer receberam qualquer iniciação na fé, ou tiveram uma adesão explícita e pessoal a Jesus Cristo. O ambiente familiar pouco cristão e a educação instrumental-positivista, produzem no homem, desde a mais tenra idade, inúmeras deficiências que o impede de comprometer toda a sua vida com Jesus Cristo (cf. Catechesi Tradendae, 19).

Com a dispersão da cultura cristã, desgastada pelo espírito crítico e pela publicidade dada a questionamentos e debates sobre temas de fronteira, que se traduzem em verdadeiros desafios pastorais, o anúncio do Evangelho requer mais do que um conhecimento profundo e completo da fé. Exige testemunho e comprometimento!

A catequese é reconhecida pela Igreja, junto com a Liturgia, como um dos grandes pilares para a vivência da fé. Desde a era apostólica os cristãos entenderam que o cumprimento da ordem dada por Jesus – “Ide e ensinai a todas as nações (...)a observar tudo o que vos prescrevi” – não se tratava apenas de elaborar estratégias pedagógicas-educativas como um trabalho ou uma tarefa externa a sua pessoa. Catequizar é uma missão que envolve a vida inteira, sem reservas.

Importante lembrar que a transmissão da fé não acontece por um ato mecânico de troca de informações ou do ensino de regras, mas pelo testemunho coerente de um coração fito em Jesus Cristo.

Em mensagem aos participantes do simpósio internacional sobre catequese, o Papa Francisco reforça a compreensão de que “ser” catequista é uma vocação de serviço na Igreja. E completa, “o que foi recebido como dom da parte do Senhor, por sua vez deve ser transmitido” (11-14 jul. 2017).

Todo aquele que se dispõe a este serviço deve, antes de mais nada, fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus. E a exemplo dos discípulos, que primeiro fizeram a experiência do “Vinde e vede”, sair a anunciar e levar os outros ao encontro do Senhor (cf. João 1,38-51).

Daqui deriva a importância da catequese “mistagógica”, que é o encontro constante com a Palavra e com os sacramentos, e não algo meramente ocasional, prévio à celebração dos sacramentos da iniciação cristã. A vida cristã é um processo de crescimento e de integração de todas as dimensões da pessoa, num caminho comunitário de escuta e de resposta” (Mensagem do Papa Francisco aos participantes no simpósio internacional sobre a catequese).

Neste ano em que a Igreja no Brasil reflete sobre a ação evangelizadora dos leigos na Igreja e na sociedade, peçamos à Virgem Maria, verdadeira “educadora da fé”, por todos que, comprometidos com o Reino, anunciam “oportuna e importunamente” (cf. 2Tm 4,2) com palavras e com a própria vida.

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Dom Edney Gouvêa Mattoso

A Voz do Pastor

Buscando trazer uma palavra de paz e evangelização para a população de Nova Friburgo, o bispo diocesano da cidade, Dom Edney Gouvêa Mattoso, assina a coluna A Voz do Pastor, todas as terças, no A VOZ DA SERRA.

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